domingo, 26 de dezembro de 2010

Como um cineasta sobrevive ao Natal (ou como sobreviver ao Natal com um cineasta)

Como um cineasta sobrevive ao Natal (ou como sobreviver ao Natal com um cineasta)

Amigo cineasta, contente-se. Sua coleção de DVDs está prestes a aumentar com o super Amigo oculto em família!

Situação A:
Nesta situação, o presenteador é provavelmente aquele parente que não tem muita afinidade ou contato com o cineasta a ser presenteado. Exemplo: marido da prima. Presentador pensa "Não tem como errar" e compra um DVD “clássico”. Vale 10 pontos no jardim das boas intenções e sorrisos de toda a família.

Cineasta presenteado pensa “Errou. Se é um clássico, eu já vi este filme trocentas vezes e tenho o DVD edição especial da Coleção Golden – cortes do diretor, versão remasterizada”. Vale uma taça de champanhe, afinal, pode trocar o presente por um filme que realmente quer.
Presente: Crepúsculo dos Deuses, E o Vento Levou, Cantando na Chuva
Situação B:
O presenteador pode ser o tio do cineasta, por exemplo. Pessoa que se julga sensata e pensa que conhece a coleção de DVDs do sobrinho(a). Vai comprar um filme diferente, que provavelmente vai chamar a atenção do cineasta. Vale 19 pontos no jardim das boas intenções, pois a família vai fazer cara de “Oh”.
Cineasta presenteado vai reconhecer o empenho da figura e analisa bem a capa do DVD daquele filme iraniano, conhecido pelos longos planos-sequencia e pelo recorde de 52 minutos sem qualquer diálogo. Vale duas taças de um merlot mais ou menos, afinal, o cineasta vai acabar abrindo o DVD pra ver se são realmente 52 minutos sem uma falinha sequer. E dormirá aos 19 minutos.
Presente: A Arca Russa, Através das Oliveiras, A Última Tentação de Cristo.
Situação C:
Não existe situação mais confortável que presentear o primo. Ele tem quase a mesma idade que o cineasta, então pensa que, qualquer coisa que ele goste, é possível que o primo também goste. De vez em quando, os primos batem uns papos, se cumprimentam no MSN e se zoam por Facebook, então, qualquer coisa tá bom, principalmente se o DVD estiver em promoção nas Lojas Americanas, onde comprará o presente no louco dia 23 de dezembro. Não vale pontos no jardim das boas intenções, porque o primo até pensou em embrulhar um DVD de sua própria estante e economizar uns trocados.
Ao receber o presente, o cineasta vai abraçar o primão, tentando lembrar qual foi a última vez em que viram um filme juntos. Ou qual foi a última vez em coincidentemente que apertaram o botão "curtir" do Facebook quando houve a postagem do trailer de algum filme. O presente não é de todo ruim: o cineasta bebe uma cervejinha e manda um SMS pros os outros amigos cineastas, sugerindo uma negociação, afinal, o presente é moeda de troca.
Presente: O Cavaleiro das Trevas, O Homem Aranha, O Sexto Sentido.

Situação D:
O presenteador é o irmão (ou pai, ou mãe) do cineasta e conhece sua coleção de DVDs tão bem que sabe quais são os filmes que estão realmente faltando. Compra aquele filme que o cineasta sempre assiste comendo pipoca nas reprises da TNT ou do Warner Channel. Ou da sessão da tarde. Vale 63 pontos nos jardim das boas intenções, mas o restante da família apenas assiste a cena da entrega do presente pensando "é marmelada".
O cineasta acha o máximo quando o irmão (ou pai, ou mãe) revela que o tirou no amigo oculto. Abre o presente sedento e quer assistir o filme o quanto antes, tomando um toddynho gelado.
Presente: Como Perder um Homem em 10 dias, Karate Kid 2, Sonho de Verão
Situação E:
O presenteador é aquela pessoa... pouts, é a avó do cineasta. Quer presentear o neto com algo significativo, que valorize sua profissão. Com certeza, vai comprar um filme brasileiro, sucesso de público. Vovó tem absoluta certeza de que vai agradar. Não vale nenhum ponto no jardim das boas intenções, porque vovó é a administradora do local.
Cineasta presenteado fingirá completa satisfação ao receber o presente, e na tarde do dia 25 de dezembro vai assistir o filme ao lado da vovó. Não sem antes preparar um bloody Mary, pra coroar seu estômago depois da comilança com uma azia potente, afinal, você não pode dormir ao lado da vovó.
Presente: Se eu fosse você, Se eu fosse você 2

Feliz Natal!

- Ana, vc tá triste porque a gente não vai trocar presentes este ano?
- Imagina, lindo.
- Ah, sei lá. É tão legal ver quem a gente gosta recebendo uma lembrancinha que seja, sendo surpreendido...
- Por mim, tá tudo bem. E pra você?
- Eu tô tranquilão. Mas sei lá, fiquei meio com o pé atrás quando você propôs isso de não trocar presente... vc adora presente.
- Adoro mesmo. Adoro ganhar presente e dar presente.
- Eu também, adoro dar presente. Mas você tem certeza de que não vai ficar triste de não ganhar nada este ano?
- Tudo o que eu mais quero está aqui, nesta sala, e neste momento está abraçadinho comigo no sofá.
- Ok, linda.
- Ai, ai...
- É legal a gente valorizar as coisas boas da vida e não se deixar levar por uma data que está perdendo seu verdadeiro sentido, seu significado... e eu adoro isso, nós, juntos, vendo tevê, curtindo...
- Aham!
- Se a gente olhar o lado bom da coisa, estamos economizando uma graninha. Ou melhor, uma boa grana, porque eu não ia te dar qualquer coisa.
- Ah é, Celso? Se você fosse me dar um presente, seria algo caro?
- Bom, 'caro' como sinônimo de 'muito caro, meu Deus, que caro', não. Mas como sinônimo de ter parcela para pagar, sim.
- Ai, que lindo.
- Você merece, amor.
- Me dá uma bitoquinha aqui! (*smack*) Você também merece algo caro, Celso. Merece tanto que se você for dar uma olhada embaixo da nossa cama, você vai encontrar um Xbox.
- Quê?!?!?!
- Éx-box! Ou fala 'Xis-box'?
- Mas, Ana, a gente não tinha combinado que não ia rolar presente este ano?!
- Nossa, Celso, até parece que você não gostou...
- Amor... linda... Ana... eu adorei, mas...
- Olha, Celso, eu quero te fazer feliz. Você estando feliz significa que eu estou feliz, então não me repreenda por ter pensando em você nas compras de Natal. Agora, cadê o meu?!
- Seu o quê?
- Meu presente, bobo!
- Ah, Ana! Não vem com essa!
- Pára, Celso! Cadê?, que eu to curiosa!
- Ana, nem vem!
- Cê jura que não comprou nada pra mim?!
- Juro! Não me sacaneia, Ana! Vc que propôs que não ia ter nem amigo oculto de cinco reais!
- Credo, Celso! Santa sensibilidade! E aquele papo de que adora presentear, adora ver a cara de surpresa de quem você gosta?!
- Peraê!
- Acho que eu vou chorar.
- Ana!
- Ai, Celso, eu nunca pensei que você ia fazer uma coisa dessas comigo.
- Ok, ok, ok! Eu tenho um presente pra você.
- Tem?
- Aham, fecha os olhos.
- Fechei.
- Eu vou te dar aquilo que você mais gosta, que realmente vai te fazer feliz.
- O que será, o que será?!
- Peraí que vou lá no quarto (*sai*)
- Nossa, e eu nem vi nenhum pacote, por mais que tenha procurado!
- (*entra*) Você se acha a espertinha, né? Bom, pode abrir os olhos.
- Hum. Não saquei.
- Olha ao seu redor.
- Não entendi.
- Eu, sofá, Xbox. Eu, feliz, jogando meu Xbox, com você no sofá! Você, feliz! A gente pode até ficar abraçadinho! Não é tudo o que você mais quer?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

"Lavânia"

- Alô? Tá me ouvindo?
- Tô, Celso. Fica de frente pra máquina.
- Ok, tô aqui.
- Abre a tampa.
- Ok.
- Joga a roupa, mas por favor, não mistura roupa clara com roupa escura.
- Ok. Cinza é claro ou escuro?
- Depende, é cinza claro ou cinza escuro?
- Ah, Ana, é cinza, po!
- Tá, roupa... escura. Que Deus nos ajude.
- Ok... acabando... acabei.
- Tá. Agora, veja que tem uma gavetinha dentro da máquina, logo embaixo da tampa.
- Hum...
- Tem duas divisões. Numa você coloca o sabão em pó e na outra o amaciante.
- Jura que tem isso?
- Isso o quê? Amaciante?
- É...
- Não, Celso, a roupa fica macia por mágica.
- Ah, eu não curto este trabalhos domésticos...
- Não diga! Enfim, vam'bora. Colocou?
- Mas assim, quanto eu coloco?
- Depende da quantidade de roupa.
- Poha, Ana, este negócio é muito difícil!
- Amor, é proporcional!
- Ah, pronto, sei lá se isso vai dar certo.
- Claro que vai. Agora você fecha a tampa, coloca a mangueira que está atrás da máquina conectada na torneira que tá do lado da máquina.
- Ahhh, pra isso que serve esta torneira?
- - Uhum, viu que legal? Mas não abre a torneira agora não. Primeiro, ajusta o botão de quantidade de água que está na esquerda e no botão da direita você coloca "lavagem normal".
- "Lavagem normal"... mas assim, o nível de água, qual que eu coloco?
- Celso, eu tenho esperança em você.
- Vô colocar no médio! Quero nem saber. Isso tá muito demorado.
- Agora liga a torneira e tcharam!
- Vamos lá...
- ....
- Não aconteceu nada.
- Como assim?
- Tá parada. Não faz nenhum barulho.
- Ué...
- Não fiz nada errado, Ana! Fiz tudo que você me pediu!
- Deixa eu pensar...
- ...
- ...
- Falei pra você que não levo jeito pra estas coisas...
- É...
- Tsc...
- Celso.
- Hum.
- Aperta o botão "ligar", por favor.
- Ahmmmmmmm. Agora sim!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Djavan (n+3)

- Mas é sério, Celso. Estes artistas por aí... um monte de pervertido!
- Peraí, você tá querendo me convencer que o Djavan é pervertido? O Djavan?! Pensa bem, o Djavan-açaí-guardiã-zum de besouro-imã?
- Aham!
- O Djavan, que compôs uma música chamada "Um amor puro"?
- Ah, bem,...
- O Djavan...
- Tá bom, tá bom, tá bom, Celso! O Djavan do cabelinho funk-melody! Já entendi! Djavan, na sua cabeça é um santo, né? Mas aposto que tem muitos outros compositores, cantores, artistas que só pensam em safadeza!
- Tipo quem?
- Ah, tipo o...
- O...
- O Flávio Venturini!
- Ã? Quê?! Bem, você deve ter razão, "Todo azul do Mar" é pura safadeza!
- Calma, eu preciso que você ouça minha análise...
- Lá vem...
- "Te amo, Espanhola".
- É... tenho que concordar...
- Te disse! Um cara eu fala "Por tantas vezes, eu andei mentindo só para não poder te ver chorando"... Mais cara de pau não existe, né?
- Ok... continua...
- "Te amo, Espanhola, te amo, Espanhola... se for chorar, te amo". Tipo... que absurdo: "olha, fica bem, eu sou um tremendo fdp, mas te amo, viu? Beijos".
- Hahahaha!
- "Sempre assim, cai o dia e é assim, cai a noite e é assim"... Todo dia é a mesma coisa? Esta Espanhola é muito judiada!
- Ô se é!
- ..."essa lua sobre mim, essa fruta sobre o meu paladar". Na calada da noite, ele sai e se acaba no pecado. Não sei se você sabe, a fruta é a representação do pecado, essas referências bíblicas, Adão, Eva, cobrinha...
- Ã.
- "Nunca mais quero ver você me olhar sem me entender em mim... eu preciso lhe falar, eu preciso, tenho que lhe contar". Isso é um absurdo! É claro que a Espanhola não entende ele, tadinha! Ela é estrangeira, não entende nada do que ele tá falando, então só resta chorar mesmo!
- Olha, Ana, parabéns!
- Gostou? Eu te disse que eu era uma boa observadora, não sou tão ingênua nãaao!
- To impressionado. Numa música que tem a palavra Espanhola, tudo que você conseguiu entender é que era uma pobre estrangeira enganada...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Massa

- Ai que fome! Onde vamos almoçar?
- Ah, pode escolher.
- Eu sempre escolho o restaurante, Celso. Hoje é sua vez.
- Ah, por mim pode ser qualquer um.
- Não quer nada em especial?
- Não...
- Ah, então vamos ao Panela de Barro.
- Ah, Panela de Barro não...
- Mas você disse que podia ser qualquer um.
- Tá, qualquer um, menos o Panela de Barro, não gosto do ambiente.
- Ok, então... Bom Tempero?
- Ah, também não...
- Ué!
- Ana, o cara da balança tá sempre com um palito de dente sambando na boca, me deixa angustiado, vai que cai no meu prato!
- Nunca reparei. Tá, e aquele novo, que tem uma vovó no panfleto?
- Hum, não sei...
- É do outro lado da rua.
- Mas será que é bom?
- A gente só vai saber se a gente comer lá.
- Vamos a outro.
- Ai, Celso, não sei se você sabe, mas eu tô com fome.
- Eu sei, mas eu queria comer algum prato... não sei o que é.
- Churrasco? Tem uma churrascaria boa se a gente andar pra lá.
- Nãaao... algo mais...
- Japonês de novo?
- Não, algo mais... enchedor.
- Massa?
- É pode ser...
- Ah, pronto... agora é só saber qual destes restaurantes está servindo massa hoje.
- Tsc...
- O quê?
- Ah...
- Fala, Celso.
- Tô com a maior vontade de comer lasanha.
- Então, vamos procurar um lugar que tenha lasanha!
- Mas eu queria aquelas prontas, da Sadia...
- Aaaaai, que preguiça de você, Celso.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pela extinção do "biurifol'.

- Amor-amorzinho, você viu estas contas?
- Uhum.
- Tudo bem com a fatura do cartão, lindinho?
- Acho que sim...
- Mas, gatuxo, você pagou a conta da tevê que tava com erro no código de barra?
- Uhum.
- E essa aqui, bebê?
- Deixa eu ver... também.
- Uau, nenem, você é o exterminador de contas, não deixou nada pra mim... Pagou do gás também?
- Do gás? Ah, paguei, paguei.
- Uau... da academia, fofinho?
- Paguei, mas dei cheque.
- Tá bom... e lembrou de pagar também a conta da Renner, buzuzinho?
- Oi?
- Conta da Renner, tchutchuquinho, aquela da minha bota, que pedi pra você pagar quando fosse ao shopping.
- Ih!
- Celso Henrique de Mattos Caludo! Você esqueceu a conta da minha bota?!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

There is only one Ronaldo

- Oi, baby!
- Err... oi.
- Tu....do bem, Celso?
- Aham.
- O que ta fazendo?
- Eu? To aqui, sentadinho no sofá...
- To vendo. Mas assim, fazendo o quê?
- Ué, eu to... to te esperando...
- Tá... cheguei, então.
- Hum. Que bom.
- Você ta estranho, Celso Henrique...
- É, fiz a barba hoje de manhã...
- Que que você tá me escondendo?
- Eu???
- É, assim que abri a porta, você se remexeu todo!
- Ah, normal, tava me ajeitando.
- Levanta.
- Como?
- Le-van-ta.
- Tá, tá... (*levanta*) Viu, a estranha é você! Tem nada.
- Hum, e debaixo da almofada?
- Que que tem?
- Exatamente: o que tem?
- Ué! Sofá!
- Ok, vou levantar esta almofada. O que será que vou encontrar...?
- Nada. Nada não.
- Vou levantar essa almofada já!
- Não, não, não... espera.
- Vai falar?
- Olha, vou te explicar antes: foi mais forte do que eu. Todo mundo da firma tava nessa, e eu me empolguei.
- O quê?!
- Eu não vejo nada de mal nisso, afinal, sou homem, fico ligado nestas coisas...
- Mãe do céu! Respira, Ana, Respira... Quando começou?
- Há uma semana. Ou duas...
- Ã?!?!
- Eu sei, eu sei, você vai falar que eu sou um moleque, que sou um João-vai-com-os-outros...
- Ai, meu Deus, Celso, não to acreditando!
- Se te aflige, saiba que ta me fazendo bem, amor! Eu até to me sentindo mais vivo, me faz lembrar de quando eu era mais novo, sabe?
- É um pesadelo? Alguém me acorda! (*levanta a almofada*) O que é isso?
- Um álbum.
- Ã?
- Figurinhas da Copa.
- Ah, era isso??? Poxa, Celso, que besteira... Levei o maior susto...
- Tava achando que era o quê?
- Ah, nada não... Ai, amor, colecionar estas figurinhas é uma coisa tão, tão, tão sem sentido. Um monte de papel que não vai ser nunca mais usado, gasto de dinheiro a toa, sem falar que daqui a dois anos você nem vai saber qual foi o fim de cada jogador!
- Ah... eu acho legal...
- Deixa eu ver isso... Ó, coisa cafona, (*folheia*) figurinha prateada... Eslovênia! Potêeencia do futebol... humpf... tsc tsc tsc... (*folheia*)
- Ah... eu ainda acho legal....
- Honduras! Hahahaha.... (*folheia*)Je-sus a-ma-do, quem é es-se?!?!
- Ah, Cristiano Ronaldo, Portugal.
- Você tem repetida?!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Bem bal.

- Oi, meu amor! Vim correndo... que que você tem, Celso?
- Tô bal.
- Mal como?
- Bal, bem bal.
- Ai, to vendo... Tá com febre? (*senta a mão na testa de Celso*) Ai, tá febril sim...
- Hummm... dói.
- Onde dói, neném?
- Tudo.
- Inclusive a ponta do dedo do pé?
- Uhum... hummmm.
- Ai, que manhoso. O que você quer? Vou fechar a cortina pra ficar bem escurinho pra você dormir, tá?
- Uhummmmm.
- Tá bom este travesseiro assim?
- Uhummmm.
- Vou fazer uma sopinha pra você, tá?
- Uhumm... Não, sopa não, faz um miojinho, com um queijinho ralado por cima, tomate seco...
- Tá... daqui a pouco eu volto.
- Ana... Ana...
- Oi?
- Deixa no SporTV pra mim?
- Mas você não ia dormir? Celso, você precisa repousar pra ficar bom.
- Por favor... eu to bal...
- Ai, meu Deus (*liga a tevê*). Eu vou chamar o médico pra te ver, porque...
- Não, não, não precisa...
- Precisa sim, você tá todo “bal” aí...
- Eu quero que você cuide de mim, como se fosse minha enfermeira...
- Ai, lindinho, eu vou ser sempre a sua enfermeira...
- Não vai sair do meu lado?
- Não, não vou sair do seu lado.
- Vai me dar comida na boca?
- Vou, amor.
- Vai me deixar sempre quentinho?
- Claro que vou.
- Vai usar aqueles uniformes apertadinhos , com um decotão... um batom vermelho bem, bem sexy?
- Seu sem graça! Tô vendo que você já teve uma significativa melhora!




Em especial, pra Carol e pro Ancelmo... vão brincar de médico! mas só brincar, viu?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Na marra, com dor, com sangue

- Aff...
- Quando você suspira assim, Ana...
- O que que tem?
- Me desanima também...
- Celso, às vezes eu acho não tem mais jeito...
- É...
- Eu já tentei, você já tentou.
- Cansa, sabia?
- Eu sei... também to cansada...
- Eu não quero acreditar que foi perda de tempo.
- Mas no final das contas, essa sempre é a minha conclusão.
- (*buff*)
- E o pior é que nem sei quando começou.
- Eu chuto que foi quando a gente se casou. Saiu do controle.
- Você reparou?
- Aham.
- Em mim ou em você?
- Ah... mais em você.
- Poxa, sério?
- É. Mas é porque a gente custa aceitar o que o problema também é nosso, né?
- E você não falou nada?!
- Não queria te magoar. E talvez você falasse o mesmo, também ia me magoar.
- Ficou muito na cara?
- Não... na cara não.
- Ai, ai, Celso Henrique, Celso Henrique. A que ponto chegamos? Estamos no limite!
- Mas não acho certo a gente resolver na marra, com dor, com sangue...
- É, nem eu. Tem que ser de uma maneira racional.
- Concorda comigo que não podemos desistir dessa dieta?
- Uhum. E nem podemos sair da academia. É a única maneira inteligente de a gente perder peso.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Lupa

- Bora, Ana!
- Já vou!
- Mas você demora muito pra se arrumar!
- É que perdi meu negocinho!
- Que negócio?
- Aquele negocinho, de colocar assim...
- Ã? Assim como?
- Coloca naquele trocinho. Pra apertar, pra não cair.
- Não to entendendo nada.
- Ai, Jesus, como chama?!
- Jesus?
- Não, o... o... o trem que coloca pra não deixar cair!
- Trem? Ã?!
- Ai, Celso! Você também não quer entender!
- Claro que quero, to te esperando há horas! Você já se maquiou, você já mudou mil vezes de roupa...
- Epa! Troquei de roupa porque o zíper da bermuda explodiu por sua causa!
- Tá, tá, tá...
- E se você quisesse ir logo, já teria me ajudado a procurar!
- Mas procurar o quê?!
- O... o...breguete!
- O que na face da Terra é um breguete?!
- Breguete é jeito de falar!
- Jeito de falar o quê?! (*suspiro*) Ana, minha flor, meu arco-íris em dia de verão, me ajuda a te ajudar: esquece esse dialeto e explica.
- Tava colocando o trocinho quando o negocinho caiu. Pode estar dentro da minha roupa, não sei... Por isso que to demorando. Ou ta no chão, ou ta na roupa, ou bateu na roupa e pra fora do banheiro, caiu na pia, não sei! Entendeu ou quer legenda?
- Hummmm. Caiu um botão?
- Não, caiu o ... a...
- O negocinho da orelha!
- Isso!
- Seu brinco?
- Nãaao, o que aperta, pra não deixar cair!
- Ahhhh, a tarracha!
- Isso!
- Que cor que é?
- Acho que é transparente...
- Pô, Ana, nesse piso branco... difícil...
- Pois é... já passei o pé pra ver se encontro... daqui não vejo nada.
- Peraí, que vou pegar aquele negócio pra ver melhor.
- Que negócio?
- Onde é que fica... o... a?
- Do que você ta falando, Celso?
- Daquele... que ajuda a ver...
- Não to entendendo...
- É uma haste, redondo em cima!
- Ã?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Dia das mães

- Ai, ai... Dia das Mães, eu longe da minha, você longe da sua... somos maus.
- Ah, amor, pensa no lado positivo: estamos longe das nossas respectivas sogras...
- Bobinho... fico vendo estes comerciais do Dia das Mães... me dá uma vontade...
- De se reproduzir?
- É...
- A gente pode começar a treinar agora, se você quiser. Mas só treinar, pra um dia chegar à perfeição.
- Celso, é serio! Eu tenho espírito maternal. E a gente ta casado há dois anos... tá na hora de encomendar!
- Tá nada, ele vai vir na hora certa. A gente ainda ta em semi lua-de-mel!
- Ah, amor, idealiza: nós dois abrindo o resultado do exame. Que máaaaximo!
- Idealizei. Minha pressão baixou.
- Ah, pára! Você vai amar, vai ficar todo bobo... vai curtir cada momento da minha gravidez!
- Vou sim! Ah, vai ser lindo. Você engordando e engordando meses a fio...
- Aham!
- Ficando com aquele barrigão!
- É!
- Inchada... porque você sabe, né? A gestação traz consigo problemas de circulação.
- É, tem isso...
- Usando aqueles macacões de grávida... andando como tivesse acabado descer de um cavalo...
- Será?
- Vou te dar maior força quando você tiver que evitar as comidas que você mais gosta... juro que vou te segurar quando você enjoar e vomitar pelos cantos...
- Hum....
- E nas festas, você super barriguda, brindando com água... coisa linda... momento sublime...
- Ih, é...
- Mas vou curtir mesmo, vou ser um supercompanheirão quando te levar ao médico!
- Pra ver o ultrassom?! É a parte mais empolgante!
- Não, vou te levar no urologista... Grávidas costumam ter incontinência urinária. Sem falar nos gases...
- Acho que prefiro passar o domingo com minha sogra a ouvir meu marido sem vergonha.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ursa Maior

- Alô?
- Oi, linda... que e-mail é este que você me enviou? “Tempo para reflexão acerca das relações construídas nos últimos anos. Dia propício para compras vultosas e assinatura de contratos. Anime-se: há um sol que brilha para todos”? Não entendi nada!
- É seu horóscopo de hoje.
- Meu? Tipo “horóscopo de Celso Henrique de Matos Caludo”?
- Ai, ai, Celso... é pros sagitarianos.
- Ana, você realmente acredita que todos os sagitarianos do mundo vão ter um dia parecido? Todos os sagitarianos vão ficar refletindo sobre os relacionamentos dos últimos anos, depois vão assinar contratos e depois vão olhar pro sol?!
- Olha, eu mandei o horóscopo pra você. Se não quiser acreditar, não acredita!
- Vou reformular: você acha que o mundo se divide em 12 tipos de pessoas? Um mundo com o quê?... 6 bilhões de pessoas... que podem ser separadas em 12 tipos?
- Não, não acredito.
- Então!
- As pessoas têm ascendente, Celso.
- Ok, vamos lá: 12 signos combinados com 12 signos... 144 tipos de pessoas?
- Peraí... quatro, vai um, noves fora... isso, 144.
- Ok, então no nosso bairro, por exemplo, que deve ter mais que o triplo, que o quíntuplo de 144... tem sempre alguém que vai ter um dia parecido com o do vizinho?
- Ai, Celso, não é isso! O horóscopo é como um guia, um conselheiro, um grilo falante, um big fone, entendeu?
- Eu não acredito nessas previsões! O estagiário da redação deste jornal, ou site, sei-lá-o-quê, com certeza se diverte colocando pra funcionar a máquina de previsões aleatórias. E pode ter certeza de que, amanhã, vai ter um outro signo com a mesma previsão que esta daí...
- Acho que você podia dar uma chance aos astros, Celso. Eles olham por você, ‘tão em lá cima, onde você não alcança. Humildade.
- Ok, vamos lá. Vou meditar um segundo sobre estas minhas “relações construídas nos últimos anos”. O que será que quer dizer, ó Ursa Maior?
- ...
- Ursa Maior?
- Quer dizer que você vai passar o dia pensando em mim! E Ursa é a sua avó.
- Ok, ok... compras vultosas e contratos?
- Você vai pensar tanto em mim que vai resolver me dar uma jóia. Ou... ou... ouço sinos, ouço sinos?!
- Oi?
- Contratos importantes, Celso! É o céu falando pra gente casar!
- Sabia que isso tinha um significado do jeitinho que você queria!
- Esse sol, né, brilha para todos... A gente tem que casar de manhã!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Ih, acabou a luz!

- Ih, acabou a luz!
- Ah, que droga! Também, com essa chuva lá fora...
- Ventando pra caramba...
- Ai, que saco, não tem nada pra fazer!
- Como não, Ana?
- Amor, com chuva, a gente fica preso dentro de casa, e no escuro, não tem como fazer nada...
- Ahhh, mas tem sim...
- Tem nada! Pra tudo a gente depende de energia.
- Aí é que você se engana! Tem uma ooooutra energia que a gente pode usar...
- Ã?
- Pensa, Ana, pensa... energiiiia...
- Ai, solar é que não é...
- Muito bem, aluna! Com chuva, energia solar é que não rola mesmo.
- Aquela do vento... como é que chama mesmo... Eólica?
- Só se você quiser fazer um catavento. E algo me diz que você não quer, e se você quiser, eu vou te impedir.
- Ai, dá uma dica, Celso, antes que a gente morra de tédio!
- A dica é: energia que vem dos músculos...
- Hummm, energia muscular?!
- Eu devo ter jogado pedra na cruz! Energia física, dona Ana-banana!
- Ahhh, táaaaa!
- O que a gente pode fazer usando nossa energia física no escuro, dentro de casa?
- Ai, Celso! Please, né? Você tem que ser muito boca-aberta pra querer fazer ioga com essa tempestade lá fora!
- E quem falou em fazer ioga?!
- Ué, no escuro, energia física... que difícil essa!
- Ana, pensa, meu bem, pensa, por favor: escuro, dentro de casa, só nós dois...
- Ai, tem outra dica?
- Deixa eu ver... ó: pra iluminar, a gente pode usar velas!
- Ahhhhhhhhhh, Celso! Bobinho...
- Que tal, hein hein hein?
- Só você mesmo!
- Ah, vai, lindinha (*smack* *smack* *smack*)... o tempo passa rapidinho!
- Ah, eu não!
- Por que não?! Qual o problema?!
- Celso, por favor, né? Jogar xadrez é coisa de nerd!
- Ã?!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Na garagem

- Tá confortável?
- Hum, to.
- Certeza?
- To, Celso...
- Ok, então, vamos lá. Pode pegar.
- ...
- Muito bem...
- Tá bom assim?
- Não precisa ser forte, nem fraco, viu?
- Ai, ai.
- Tem que ter segurança no que tá fazendo, entendeu?
- Entendi, Celso! Você fala como se eu nunca tivesse feito isso antes.
- Mas faça como se fosse a primeira vez... passa a mão, sente...
- ...
- E aí?
- Ah, normal!
- Normal?!
- Sinceramente? Igual a todos.
- É completamente diferente! Ele é todo... cuidado... bem acabado...
- Você fala assim porque é seu, aí você acha ele é tuuuudo do melhor!
- Se você tivesse um, acharia a mesma coisa do seu!
- Talvez, talvez, mas... vamos lá...
- Lembre-se: isso é um instrumento de poder.
- Ai, meu Deus, Celso, pára de teoria e vamos pra prática!
- Calma, apressada! Tem que curtir o momento! Existe todo um prazer nisso!
- Eu não to achando graça nenhuma até agora. Podemos continuar?
- Espera...
- Vou tirar ele daqui...
- Não, espera! Antes de colocar ele pra fora, tem que sentir o movimento...
- Você tá falando como se estivesse chapado...
- Como você é impaciente!
- To ficando entediada! A gente mal começou e você não pára de falar do meu ouvido! Você sabe que eu não gosto que você fale o tempo todo nessas horas!
- Por que não?
- Nenhuma mulher gosta de homem que fica tagarelando!
- Ana, eu só quero que tudo ocorra bem. Então, vamos devagar...
- Devagar?! Isso tá inerte! Celso, você me disse que ia me deixar dirigir seu carro! Em 10 minutos, tudo o que fiz foi colocar a mão no volante!

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ponto de partida

- Oi.
- Humpf.
- Tudo bem, gata?
- É comigo?
- Claro, você é a única gata por aqui.
- Sério isso?
- Sério, te achei a mais bonita daqui.
- Não, não, você não ta me entendendo: é sério que esta é a sua melhor cantada?
- Bem, não é cantada, dessas que a gente chama de ‘cantada’, afinal, não ia te dizer coisas que todo mundo diz...
- Pára!
- Pára o quê?
- Dá meia volta e começa tudo de novo, porque essa abordagem, não sei não, ta capenga.
- Oi?
- Vai, vamos de novo, eu tava dançando aqui e você chegou.
- Bem... err... oi.
- Oi.
- Você vem sempre aqui?
- Meu querido, isso aqui é uma boate, só abre de noite e no final de semana, então... 'sempre' não é a palavra.
- Hummmm.
- Vai, de novo, ta ruim demais!
- Mas...
- Anda!
- Ta... to meio confuso, mas ... oi.
- Oi.
- Tudo bem?
- É, ta tudo bem.
- Ta ocupada?
- Hum, to dançando.
- Ta sozinha?
- Alô, to com minhas amigas!
- Eu digo sozinha, sem ninguém, sem dar uns beijos na boca, na seca.
- O que te faz pensar que eu to na seca? Eu tenho cara de pega-ning?
- Não, não é bem isso que eu quis dizer...
- Poxa, esperava mais de você.
- Como assim?
- Você ficou me olhando um tempão! Esperava que você fosse, sei lá... mais...
- Mais...?
- Ah, quer saber? Deixa. Isso de você ter umas cantadinhas sem graça... murchei.
- Poxa, eu tentei ser sincero!
- Hoje não rolou. Quem sabe outro dia.
- Logo hoje que uma cigana disse que eu ia encontrar a mulher da minha vida...
- Jura?!!
- Aham, ela foi tão convincente... caí como um bobo, essas coisas de a gente acreditar em esoterismo...
- Mas era cigana de verdade, ou era louca varrida dessas que anunciam que o mundo vai acabar?
- Cigana de verdade.
- Tem certeza?
- Tinha até dente prateado.
- Gente! Onde foi isso?
- Tava na rua, ela me olhou nos olhos, pegou em minhas mãos, apertou bem forte...
- E aí?!
- E aí ela revirou os olhos e ela passou o dedo na minha palma...
- Sei! Ela tava lendo a linha da vida! E aí?!
- Achei difícil ela estar lendo, afinal os olhos estavam revirados... mas enfim, ela falou que era hoje - tinha que ser hoje- que ia achar a mulher que me completaria.
- Que coisa cósmica!
- Falou que tinha cabelos escuros, lisos...
- Nossa!
- Pois é, disse até que a mulher da minha vida se chamaria...
- ...
- ...
- Ana? Ela disse Ana?
- Ana! Isso mesmo! Você se chama Ana?
- Chamo!
- Caramba! Ana, prazer, Celso Henrique. Vamos para um lugar menos barulhento pra gente conversar melhor?

quinta-feira, 18 de março de 2010

Pra não passar em branco

- E aí, gata, decidiu o que vai querer de aniversário?
- Ah, não sei, não to muito certa...
- Ah, faz alguma coisa pra não passar em branco...
- (*suspiro*) A verdade é que quero mudar...
- Mudar? Por quê?!
- Ah, cansei...
- Poxa, Ana, to usando metade do meu salário só pra pagar o financiamento deste apartamento! Você queria tanto esta casa, planejou milhares de reformas! Você tem até closet! Que mulher hoje em daí tem o luxo de ter um closet?! Desenhou o banheiro do jeito que você queria e eu até tive que bater de frente com o arquiteto! Isso sem falar na cozinha, que a gente teve que fazer milagre pra poder colocar aquela bancada onde você queria! Tudo do seu jeito, na cor que você queria, com o piso que você queria, com os móveis que você escolheu! Não vem me dizer agora que cansou, que precisa mudar! Olha, se isso for coisa hormonal, de TPM... me poupa, né?
- Por que homem justifica qualquer comportamento instável de mulher pela TPM?
- Humpf, só pode ser né, querer mudar assim, de uma hora pra outra!
- Celso. Respira. Eu quero mudar, mas mudar meu cabelo.

sexta-feira, 12 de março de 2010

A B C

- Vamos lá, sua, vez, etapa final do teste...
- Não sei porque você dá bola pra estes testes de revista...
- É pra gente se conhecer melhor!
- Depois de três anos juntos, vai ser uma revista que vai ajudar a gente a se descobrir? Poderosa esta revista, hein?
-Vamos lá, falta pouco. “A primeira impressão que as pessoas têm da sua namorada: a) ela é simpática, b) ela é discreta ou c) ela é animada?”
- D, esquisita.
- Celso...
- C então...
- “Se sua namorada fosse uma cor, seria: a) branco, b) cinza ou c) azul?”
- Não é possível que uma pessoa possa ser definida por uma cor! Isto é racismo, hein?!
- E aí? Responde.
- Branco.
- Por quê?!
- Porque... porque branco é a cor do vestido seu de noiva...
- Ahmmm, boa!!!
- Porque você é muito pacífica...
- É, um pouco...
- Porque você não toma sol faz tempo...
- Engraçadinho... “Se sua namorada fosse um animal, qual seria: a) um hamster, b) uma zebra ou c) um periquito?”
- Isso é sério mesmo? Qual a base científica deste teste?
- Vai, Celso!
- Acho que um hamster, mas to muito sem critério.
- Ai, Celsô, me chamou de rato!
- Mas dá uma olhada nas opções! Não dá, né!
- Humpf. “Qual seria a reação da sua namorada caso ela descobrisse uma traição: a) choraria, mas perdoaria; b) devolveria os presentes que você deu a ela e terminaria ainda que contrariada ou c) te desejaria boa sorte?”
- E aí?
- Você que tem que responder!
- Sei lá. Choraria?
- Nem morta, meu filho! To a anos-luz desta opção! Não sou movida a sentimentos deste tom.
- Que que faria então?
- Rasgaria todas as suas roupas, jogaria seu computador embaixo da torneira...
- Como é que vou responder isso?! ‘Boa sorte’ não é sua cara nunca...então, B.
- Vamos lá, a última: “Qual é o pior defeito dela: a) dramática, b) controladora ou c) intolerante?”
- Só pode um?
- Aham.
- Tem certeza? Porque esta tá muito difícil...
- Ai ai, você ta engraçaaado.
- Hum ... A.
- Como assim, dramática?! Eu? Celso? Logo eu que sou uma pessoa compreensiva e amável com você! Não to acreditando, isso magoa! Ai, até senti uma pontada no coração!
- Ta vendo? Você já gritou, já baixou a atriz!
- Mas é porque eu to surpresa...
- Tá, B, controladora.
- Acho bom você pensar bem no que você fala sobre mim, antes que sofra as conseqüências...
- Tá vendo!
- Isso é muito grave, Celso, muito grave. Eu, controladora! Era só o que me faltava.
- Ta, ta, ta bom, c, intolerante!
- Que resposta idiota, Celso. I-di-o-ta.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Proposta

- Que foi que você ta me olhando assim?
- Nada, amor.
- Nada? Ta com uma carinha... hehehe... me olhando fixamente nos olhos...
- Ah... andei pensando uma coisa...
- Uma só?
- Ai, ai...Você confia em mim?
- Tem que responder agora?
- Celso...
- To brincando, claro que confio.
- Tenho uma proposta.
- Oi?
- Vamos dar um passo a frente na nossa relação, um voto a mais de confiança?
- Ana, esse papo de novo...
- Calma...
- Você sabe como eu me sinto em relação a isso...
- Mas amor, sou eu! Sua namoradinha há tanto tempo!
- É aí que mora o perigo!
- Mas eu vou ser cuidadosa!
- Sei lá, as coisas caminham tão bem hoje e vão evoluir naturalmente... No dia certinho, em que eu me sentir a vontade e você estiver preparada, vai rolar, não vai doer pra ninguém!
- Bom, pode dor um pouquinho...
- Então, amor, você sabe que eu tenho medo...
- Medo? Uma coisa tão simples, Celso!
- Simples, Ana? Você acha que é simples, tomar uma decisão que vai mudar completamente a sua vida? Fazer você ver tudo sob uma ótica diferente?
- Amor, é mudar pra melhor! E ó, é uma coisinha assim, pequenininha, vai!
- Pra você!
- Ok. A verdade é que está me incomodando.
- Por quê? É tão ruim assim?
- Ah, você sabe que não suporto gente monocelha, é feio!
- Ã?
- Você tem que confiar em mim! Vou tirar só uns pelinhos do meio... vai limpar sua aparência...
- Ahhh, você quer fazer minha sobrancelha?
- Aham.
- Ah, mete bronca.
- Brigada, amor. Não te peço mais nada!
- Ah, assim espero.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Tcharã (2)

- (*buff buff buff*)
- Ana?
- Alô? Celso? Tá me ouvindo?
- Tô, que houve?
- Ai! Ave Maria, to pagando meus pecados!
- Oi? Que que você falou?
- Num to aguentaaaando....
- Ana? Você ta bem?
- Já... já estive muito melhor. Aiiii...
- Ana? Que que houve?
- Ai, Celso. Amor, vem me buscar?
- Claro, claro. Onde você ta?
- To aqui na esquina da Nilo Peçanha, com a Graça Aranha...
- Ok, vou só avisar aqui... salvar um documentos...
- Anda, vem logo!
- Ana, que que houve? Você ta me preocupando!
- Um aci...dente. Ai, peraí, deixa eu tomar fôlego!
- Ana....
- Gê-zus. Ai, amor, vem logo que não agüento andar!
- Ta, já to indo, mas não entendendo nada. O que você tem?
- Dor, muita muita muita dor!
- Muita?
- Muitíssississima.
- Quebrou braço, perna?
- Não, não... isso não.
- Dor no peito?!
- Não...
- No braço? Ta formigando, algo assim?
- Não... dói o pé!
- Dor no pé? Será que é pressão? Vê se ele ta inchado.
- Antes estivesse inchado.
- Como assim?
- Meu salto. O sapato era meio larguinho, aí o salto....ui... ficou preso nas pedras portuguesas... quebrou...
- Meu pai do céu, e lá vamos nós de novo...
- Onde você vai? Vai vir me buscar, né?
- Você me chamou, fez esse drama todo pra me falar que seu salto quebrou?
- Drama?! Claro que não! O salto quebrou, to andando torta, e agora eu to com uma baita bolha no calcanhar e outra na sola do pé! Estou ferida, Celso, fe-ri-da!
- Compreendo. Que bom que você paga o plano de saúde, afinal, bolha no pé é grave!
- Ceeeeelso! Sabe? Desisto! Só sendo mulher pra entender!
- Olha o draaaaama...
- Celso! Clemêeencia! Não basta a dor que eu to sentindo, to pagando um micão andando na rua toda torta igual ao Corcunda de Notre Dame! Você não sabe o que eu to passando!
- Sei sim, ta lembrado daquele baile a fantasia? Você de cigana....
- Hum. Arrasei, né? Ai...
- Ô. Qual era a minha fantasia?
- Humpf.
- Opa, não te ouvi.
- ...Corcunda.
- Tcharã!
- Tsc, vou pegar um táxi. Beijo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Parabéns!

- Oi, amor!
- Oi, linda!
- Sabe que dia é hoje?
- Aham.
- Que dia é?
- Quinta-feira.
- Nãaao... que dia é hoje?
- Como assim?
- Hoje é uma data especial!
- Ahhhhhhhm, é verdade!
- Então...
- Parabéns, linda! (*smack*)
- Como assim, ‘parabéns’?
- Parabéns, ué.
- Parabéns?! Que aleatório!
- Por quê?
- Você tem alguma noção do significado da palavra ‘parabéns’?
- Pô... tenho.
- Qual?
- Ah, você sabe.
- Quero escutar sua interpretação.
- Sério? Você quer saber o que é parabéns?
- Seríssimo.
- Ai, Ana... já entendi, você quer que eu me ferre na explicação para você poder demonstrar o quanto é sabida!
- Que absurdo!
- Vai falar que não é verdade?
- Tá. É verdade.
- Então, vamos lá, ó grande sabedora do léxico. Não sei o que é ‘parabéns’. Me faria o obséquio de informar o que significa tal palavra?
- Parabéns podia ser ‘para-males’. Mas é para o bem, então é “para bens”. Você diz que espera que apenas aconteçam as coisas para o bem. Só deve ser dito quando houver um acontecimento importante que acabou de acontecer.
- É, faz sentido. Medalhinha léxica pra você.
- E então?
- Hum, ‘parabéns’ não cabe pra ocasião, né?
- Não, né!
- Então.... muitos anos... muitos... meses, muitos dias para comemorar aquele nosso grande momento!
- Aí sim!
- Que sempre possamos comemorar assim, juntos, no companheirismo, na cumplicidade...
- No respeito...
- Com certeza, no respeito, na gratidão...
- Na admiração que temos um pelo outro...
- Pô... Tirou as palavras da minha boca, Ana!
- Você não tem noção de que dia é hoje, não é mesmo?
- Hummmm, não... só sei que a gente tá de parabéns, não estamos?
- Vou te fazer engolir minha medalhinha léxica, Celso Henrique!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Apocalipse adiposo

- AHHHHHHHHHHHHH!
- Ei, caramba, que que foi?
- QUE MERRRRRRRDAAAAA!
- Calma, abre a porta..... abre, Ana.
- NÃAAAAAAAAO.
- Conta pra mim... que que houve?
- O QUE HOUVE? O APOCALIPSE ADIPOSO!
- Fala...
- ENGORDEI DOIS QUILOS! EU TINHA PERDIDO UM E MEIO!
- Ah, engordou nada, isso são músculos...
- CELSO HENRIQUE, EU NUNCA VI UMA BALEIA MUSCULOSA!
- Que baleia...como você é exagerada.
- O ÚNICO EXAGERO AQUI É O MEU PESO! DOIS QUILOS! DOIS! NÃO É UM, SÃO DOIS! DUAS PROVAS CIENTÍFICAS DA MINHA GORDURA!
- Olha, se eu fosse você, não confiaria nessas balanças caseiras não!
- EU NÃO SOU UMA DESVIRTUADA! NÃO VOU FICAR ME ENGANANDO! ISSO É REAL, ESSA GORDURA É REAL, FAZ PARTE DE MIM!
- Meu Deus, que descontrole!
- MAS EU FIZ TUDO CERTO... (#Bombom)
- Fez mesmo, eu fui testemunha...
- CERTO É O #$%¨*&@! ISSO É DESUMANO! EU SEGUI ESTA MERDA DE DITADURA DA BELEZA E SÓ ME PHUDI! DEIXEI COMER COISAS DELICIOSAS, DEIXEI DE BEBER, DE ME SATISFAZER! ME SACRIFIQUEI POR NAAAAAADA!
- Então, linda, você sabe que não precisa fazer estas dietas radicais, você sempre comeu bem...
- QUERO QUE ESTE BANDO DE MAGRELAS VÃO TOMAR NO #%, SUAS OTÁRIAS! HOMEM GOSTA É MESMO DE COISA PRA APERTAR!
- Isso mesmo!
- GOSTA DE PERNÃO, COXÃO...
- E como...
- GOSTA DE BUNDA, GOSTA DESTA PELANQUINHA DO QUADRIL!
- Ó, isso é verdade! Sua pelanquinha do quadril é irresistível.
- FICA NA SUA, CELSO HENRIQUE! EU SOU A ÚNICA PESSOA NA FACE DA TERRA QUE ACEITO QUE ME CHAME DE GORDA!
- Mas eu não te chamei de gorda! Só falei que sua pelan.. Ah, entendi.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Água mole em pedra dura

- Celso! Você viu que eu tava conversando com a Bianca? Ela me contou que vai casar depois de 10 meses de namoro? 10 meses, Celso! É muito pouco tempo! E o namorado dela é feeeeio, olha lá!
- Quem vê cara, não vê coração.
- Humpf, espero que ele seja boa gente, porque o Maurício... Ninguém merece ser largada dois meses antes do casamento, né?
- Malandro é o pato, que já nasce com dedo colado pra não usar aliança.
- Ih, mas o mal dele não era medo de casamento não! Era cara de pau mesmo, porque um tempo depois encontrei com ele desfilando com uma loirona de aliança e tudo... Dizem que ele já tava com ela antes de terminar com a Bianca...
- Quem não dá assistência, abre espaço pra concorrência.
- Que isso, Celso! a Bianca sempre foi tão companheira, discreta, não ia a festas...
- Quem não sabe é quem não vê.
- Será? De qualquer forma, espero que ela seja feliz, ela ta tão animada, deve ter superado...
- É, os cães ladram e caravana passa...
- É, ta todo mundo casando, menos a gente.
- Se casamento fosse bom, não precisaria de testemunha.
- Humpf, você já ta me enrolando...
- Ana, em time que está ganhando, não se mexe!
- Você ta muito acomodado. Você sabe que o sonho da minha avó é me ver entrar na igreja...
- Lembre sua avó que, se casar fosse bom, Cristo não teria morrido solteiro.
- Ih, hoje você engoliu uma coleção de provérbios, né? Saiba você, espertinho, que deste jeito você vai acabar ficando sozinho!
- Antes só do que...
- Não ouse terminar esta frase, Celso Henrique! Você sabe que eu sou a mulher da sua vida e que um dia ou outro, a gente vai acabar se casando!
- É, to vendo que com você é a base do “se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come”...
- Pode esperar, Celso Henrique! Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Tarzan

- Ana! Vem aqui agora!
- Ai, que medo!
- Pode ter medo mesmo, porque vai levar bronca.
- Fala.
- O que é isto?!
- Isto é uma calcinha.
- Eu digo, o que “são istos”?
- Istos são umas calcinhas, plural.
- É mesmo? Achei que fosse um varal no meio do banheiro!
- Ah, esqueci de colocar lá na área...
- Que relaxo, hein...
- Relaxo nada! Eu seria relaxada se não lavasse minhas calcinhas, porque tem gente cujo nome eu nem preciso citar que acumula cueca só pra poder lavar na máquina! Aí, quando começa a faltar cueca limpa, fica desfilando com umas cuequinhas gaaaastas...
- Eu acumulo e lavo na máquina e assim, gasto menos água, porque eu sou amigo da natureza.
- Ah, valeu, Tarzan, eu lavando minhas calcinhas no banho não economizo água?
- Economiza, mas você faz isso porque é prático. Você sabe que eu sou mais consciente ecologicamente que você.
- Ah, é? Por quê?
- Porque além de eu acumular roupa pra lavar à maquina, eu faço minha barba no banho também.
- E eu escovo meus dentes no banho.
- E eu não dou descarga quando mijo.
- Parabéns, Celso Henrique, você ganhou! O troféu Consciência Ecocôlógica vai pra você!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Big Brother

- Ai, ai, lindo, nada pra ver na tevê... coloca no canal que você quiser.
- Viu que vai começar o Big Brother?
- Programa tosco.
- Programa ridículo!
- Um monte de piriguete “querendo mostrar como realmente é pro Brasil”... Só se for mostrar a tarraqueta na Playboy!
- E os caras? Marombados, sem nada na cabeça, só falam “mermão”, “sacumiquié”...
- Fico impressionada como faz sucesso, porque este programa é completamente sem conteúdo! É sobre o nada! Os participantes só nadam na piscina, tomam sol, comem, dormem...
- E as provas? Coisa sem sentido ficar dançando 24h direto. Parecem cobaias!
- Todo mundo é exibido, fica falando sozinho, já viu?
- Falar sozinho não é o problema! O problema é falar com o Bial pela televisão de plasma! Fica mandando beijo pra imagem da tevê no dia de paredão, coisa de maluco, né?
- E o mundo desaaaaaba quando são eliminados!
- É!
- E depois que saem, ficam “analisando projetos”! Mentira! Tão desempregados!
- O que me revolta é ganharem dinheiro cobrando cachê pela presença em eventos! Cinco mil no mole, enquanto eu trabalho meses pra juntar uma grana desta! Se eu topo com um ex-bbb numa festa, lanço um “Quem é você? Uma sub-celebridade!”.
- Menos que isso, afinal eles não fazem nada de célebre.
- Exatamente!
- Tsc, brasileiro assiste a cada programinha mixuruca...
- “Nave do Big Brother”... Bial e suas firulas...
- E ainda tem gente que paga pay per viwe só pra isso!
- Pois é...
- (*suspiro*)
- Tava doido pra entrar lá...
- É, meu vídeo não foi escolhido também.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

'Zinedine Zidane'

- Ahhhh, não to entendendo nada deste cardápio, é tudo em francês! Que agonia!
- Ana, você que insistiu em a gente vir a este restaurante, agora finge que tem classe, que ta entendendo tudo neste cardápio porque o garçom vai vir aqui daqui a pouco.
- Gente esfomeada não tem classe, amor! Eu to morrendo de fome!
- Escolhe algo aí rápido, então!
- Eu não! Vai que eu me equivoco e peço uma lesma achando que é mousse!
- Embaixo tem uma pequena explicação do prato...
- Ah, boa!
- Uou.
- Tudo caro, né?
- Ainda bem que você que me convidou pra vir...
- Ah, mas eu não falei que ia pagar tudo não, Celso!
- Ih, já mudou o discurso! Não se defende mais o “na pobreza e na riqueza”...
- Ó, você é testemunha de que eu não vou pedir entrada porque todas as saladas são muito caras! Nem dá gosto de ser magra deste jeito!
- O valor de dois pratos destas saladas compra toda a barraca do Zé da Feira.
- Europa é outra coisa, né?
- Bem, escolhi um aqui, não é o mais caro... o terceiro da lista.
- “Peças de frango acompanhadas de ervas orientais, servidos à Holandesa” ... Hum, parece bom! E pra beber?
- Hum, este vai ser difícil...
- Ó, tem um champanhe barato aqui... “o mais precioso líquido dos Alpes, aerado e refrescante”! Este mesmo! Pode chamar o garçom!
(Celso acena e o garçom se aproxima)
- Opa, tudo bem? Vamos neste daqui ó ....
- (participação especial do garçom)“Quenelle de poulet avec fines herbes a Néerlandais”...
- Quenele... e de bebida, esta aqui...
- “Bouteille de l’eau gazeifiée”?
- Butéi! Isso mesmo. Obrigado... err, merci.
(o garçom sai)
- Ana, memoriza esta marca, ‘Bouteille’, mas fala ‘Butéi’.
- Ih, ta chique, hein? Falando francês e tudo... Queria tanto saber falar francês!
- É fácil, é só fazer biquinho. Fala 'Zinedine Zidane' com biquinho.
- 'Zunudine Zudane'.
- Mais ou menos, dá pra enganar.

10 minutos depois:
(o garçom de aproxima)
- Monsieur... (o garçom serve Celso)
- ...
- Madame... (o garçom serve Ana)
- ...
- Obrigado.
(o garçom sai)
- Ai, que mico, Celso!
- Eu tava mesmo com vontade de croquete de frango com espinafre... na manteiga.... isso é manteiga? Eu to pagando pra comer manteiga, é isso mesmo?
- E pagando pra beber água com gás.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Nutocoseguino

- ‘Bora, Ana!
- Ai, Celso, não vou mais!
- Ai, ai... Por que não?
- Não tenho o que vestir!
- Como não? Olha seu armário! Lotado de roupa!
- Mas eu não sei o que usar! Ta tudo tão velho, ultrapassado...
- Pega a primeira blusa, vestido, bermuda que você vir.
- Sem escolher? Tá louco?
- Ué, mas você já escolheu. Quando vc comprou esta blusa, você escolheu ela na loja, pagou e sabia que ia usar.
- Dã.
- Que foi? No mínimo, você seleciona as roupas que você vai comprar, né?
- Celso, não ta ajudando.
- Você é cheia de vestidos, blusinhas, sandálias, escolhe uma, qualquer uma. Ó, esta blusa azul...
- Usei sábado passado.
- Então, pode vesti-la, afinal, roupa não é descartável...
- Não quero essa.
- Tá bom... e esta aqui?
- Outra azul? Eu lá tenho vocação pra smurf?
- Eita, só to tentando ajudar, não precisa ser ignorante!
- Ta, desculpa. Humpf, que desânimo...
- E esta bermuda aqui? É nova, não é?
- Você ta brincando comigo.
- Por quê? Que que eu fiz de errado agora?
- Ta esfregando na minha cara o quanto eu estou gor-da! Esta bermuda não cabe em mim.
- Sério? Não parece.
- Cabia em mim no ano retrasado, agora ela encolheu.
- Ah, ta, a bermuda que encolheu, né?
- Que que você falou?
- Nada, não... ó, então joga esta bermuda fora, se livra dela, porque ta ocupando espaço e atrapalhando a decisão.
- Magina! Você sabe onde eu comprei esta bermuda? O quanto paguei nela?
- Pela sua cara, é melhor mantê-la, não joga fora não. Pelo bem do cartão de crédito.
- Humpf. Ela é tão bonita...
- Amor, tentar colocar... afinal, né, ela foi cara e você perdeu um quilo e meio...
- Ah, não vai caber, se bem que... puxando daqui, hum, entrou, só falta fechar. (toma ar)
- Fecha então.
- Nutocoseguino.
- Oi?
- Nudafechano.
- Fala pra fora!
- Buff... Não consigo fechar.
- Mais uma vez.
- Isto é humilhante, Celso.
- Eu te ajudo. Encolhe, segura o botão. Pula. Pula! Vai!
- Nudapraresbirá!
- (zap) Mantém... mantém... agora solta o ar que to conseguindo ver suas costelinhas todas.
- (ziiip plóoo) Feliz agora que o zíper estourou?
- Já falei o quanto você fica bem de azul?