quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Papo quente.

- Amor, se um dia nossa casa pegasse fogo, qual a primeira coisa que você salvaria?

- Hum, meu laptop.

- Como assim? E eu???

- Confio que você é espertinha o suficiente pra sair com seus próprios pezinhos do apartamento.

- Ah, é verdade... Mas assim, e se eu não estivesse em casa?

- Meu laptop, ué.

- Ai, que chamego com este laptop! Que que tem de tão importante nele?

- Nossas fotos...?

- Ouuuuuuum, como você é fofo, amor! Depois disso, o que você salvaria?

- Você não tá planejando botar fogo em alguma coisa, né?

- Não, é só pra saber o seu nível de apego com algumas coisas.

- Já vou avisando que a gente não tem seguro...

- Vai, me fala, depois do laptop...?

- Hummm, meu videogame!

- Sério?

- Sério.

- Coisa nerd!

- Meu celular, então.

- Cruzes...

- Ai, ai... Ana, seja direta. Onde você quer chegar?

- É que to achando que você se importa muito com umas coisas tão... dispensáveis.

- Laptop e celular hoje em dia são indispensáveis!

- Isso tudo que você falou, o dinheiro compra depois. O mais razoável é correr atrás das coisas que têm valor afetivo, né? Por exemplo, muito legal da sua parte pensar nas nossas fotos.

- Bom, seguindo este pensamento... Deixa eu pensar.... Ah, minha camisa do Flamengo!

- Por que que o assunto futebol deixa os homens com um jeito meio de bocó?

- Mas minha camisa do Flamengo tem muito valor afetivo!

- Humpf, esperava que você salvasse, depois das nossas fotos, os presentes que te dei, mas tudo bem, cada um sabe das suas necessidades. Quem sabe, você pudesse salvar algumas coisas minhas, como meu vestido de noiva, a colcha que minha avó fez pra gente, enfim, estas coisas que você sabe que são importantes pra mim.

- Ta, Ana, eu salvo. Assim que eu vir a primeira faísca, eu vou pensar: “o que minha querida esposinha gostaria que eu salvasse, nessa minha atitude heróica que é salvar nossa história?”.

- Jura? Promete?!

- Juro.

- Ai, que fofo! (*smack*)

- Vou pegar vestido, a colcha, o diário de quando você tinha 12 anos...

- O disco do Justin...

- Dispensável! Isso o dinheiro compra! E eu pago pra você não ouvir isto de novo.

- Mas Bryan Adams edição limitada é um tesouro! Este você tem que pegar!

- Tá, que mais? Só não sei se vou ter mão pra carregar tudo isso.

- A bolsa.

- Que bolsa?

- A minha bolsa Prada.

- ...

- Eu sou muito apegada a ela! Na verdade, segundo o cartão de crédito, tenho que ser apegada a ela até julho do ano que vem...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Simpatia e blablabla

- E aí, gostou da festa?
- Aham, mas fiquei vidrada na bolsa Prada daquela mocinha...
- Que mocinha? Aquela baixinha, meio loirinha?
- Aquela loirice se chama luzes, meu bem.
- Ah, isso eu não tenho como saber. É a Ariana, secretária nova.Vi que você ficou batendo papo com o Edu um tempão...
- É Eduardo o nome dele?
- Aham. Simpático, não?
- É, simpático, mas fala muito.
- É? Nunca percebi.
- Nossa! E como fala! Pra você ver, de tanto que ele falava, nem consegui guardar o nome dele! O cara entra no meio do assunto, vai puxando outro assunto e quando a gente vê, já ta há uma hora conversando com a mesma pessoa no meio de uma festa, onde na verdade você deveria estar falando com outras pessoas. Afinal, né, esta é a intenção da festa: agrupar as pessoas, fazer com que elas passam um tempo agradável juntas, possam se conhecer melhor... A Ariana por exemplo. É simpática com moderação: perguntou o que eu fazia. Aí eu comentei que trabalhava num laboratório, e o Edu começou a falar do primo dele que adorava química, fez farmácia, criou um cosmético ótimo, ta ficando rico, comprou uma casa em Búzios... Ta entendendo? O Edu tem esta mania de sempre dar um pitaco no que a outra pessoa tá falando, e vai emendando, emendando, emendando um comentário no outro! Isso cansa! Isso não é legal, é monopolizar o assunto, faz parecer que as outras pessoas não têm algo interessante pra falar! Poxa, às vezes a pessoa fala algo só pra puxar papo com a outra, afinal, não se conhecem bem, mas ele faz questão de falar algo que parece mais relevância que o que a outra pessoa ta falando, como se dominasse todos os assuntos. Às vezes você dá trela só por educação, para ser elegante e ouve o que a outra pessoa tem a dizer... mas tem que ter um semancol! Não pode toda hora falar, e falar, e falar... parece que tá apresentando um programa, em que a platéia só tem que ouvir! É quase um monólogo! E todo mundo sabe que monólogo é chato, né?
-Talvez ele...
- Ah não! Você tinha que ver! Ele é tipo Faustão! Interrompe sem mais nem menos! A gente ficou meio desconcertada quando ele fez isto pela segunda vez, mas depois resolvemos deixar ele falar, quem sabe ele se tocasse que não tava agradando muito com aquele blablabla? Teve uma hora que eu até pensei em fingir que o telefone tava tocando pra poder me afastar da rodinha e não ouvir a voz dele por uns dois minutos! Você não imagina como é chato ficar ouvindo a mesma voz constantemente por mais de cinco minutos!
- Imagino sim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jaiminho (2)

- E se for menina, amor?
- Se for menina, eu quero que tenha o nome da minha avó.
- Como ela chamava mesmo?
- Antonieta.
- Jamáaaas.
- Qual o problema, Ana?
- Antonieta? É nome de rainha louca. Deixo não.
- Mas vai ser menino.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Eu sinto. Na hora do “bang”, eu senti que era menino.
- Ah, tá, sei... To achando que vai ser uma menininha. Ai que linda! Vou prender o cabelinho dela assim, ela vai andar com uma roupinha toda rosa, de lacinho, de bolsinha...
- Cruzes! Desse jeito, vamos chamá-la de Árvore de Natal, que que ‘cê acha?
- Ué, podia ser Natália.
- Não.
- Por que não?
- Não gosto de Natália.
- Por quê?
- ...
- Anda, Celso.
- Porque eu já namorei uma Natália...
- Não sabia...
- Namoradinha de colégio.
- Bonita?
- Ana, é passado...
- Bonita?
- É.
- É ou era?
- Era.
- Tem certeza?
- Tenho, Ana! E vai ser menino e vai ser Celso Júnior.
- Celso não.
- Por que não?
- Ah, pensa bem. Na maternidade, os bercinhos todos, lado a lado: um Cauê, um Rodrigo, um Rafael, aí vem um Celso?!
- Que que tem? É um nome com personalidade!
- Celso é nome de adulto, né? Celso é nome de bibliotecário, de funcionário de cartório, de secretário de saúde...
- Celso, pô! Nome forte! “Olá, meu nome é Celso”. Poha, macho pra kct. Não tem no feminino, não tem essa de Celsa...
- Sei lá, me remete a gente velha. Fico pensando no Benjamin Button, no nosso baby nascendo já velhinho.
- Celso é fo-da! Você sabe o significado? É latim, quer dizer altivo, alto, elevado!
- Sei lá, Celso não me passa esta idéia, é meio borocoxô.
- Você sabe meu nome, não sabe?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Djavan (n+2)

(cont.)

- Tá, esta parte do dialogozinho é estranha, mas olha: “Soltar esta louca, arder de paixão” não te diz nada? Nada?! O cara tá na pior, na seca, ele quer mais que a menina se descabele, incorpore a louca!
- É, pode ser...
- “Não há como doer pra decidir”. Novamente, coisa de homem, porque, né, meu querido Djavan, dói depois de decidir!
- Sabe, eu devia ter descoberto esta música antes, quando eu tinha uns 15 anos! Ia comer todo mun...
- Celso Henrique, Celso Henrique!
- Ana, Djavan só pode ter feito esta música pra ajudar os caras a traçar as menininhas! Não tem outra explicação.
- Não parou por aí! Chega uma hora que o cara fica puto com a menina, porque ela fica fazendo doce: “Eu levo a sério, mas você disfarça”.
- Hum...
- “Você me diz à beça e eu nessa de horror”: a garota não pára de dar desculpas enquanto o cara já ta revirando os olhos.
- É...
- E fica tão emputecido que começa a colocar a culpa na menina, porque não ta tendo muito atividade nos trópicos: “E me remete ao frio que vem lá do sul”...
- É...
- E depois, fica pior: o cara apela pra zoofilia.
- O quê?!
- “São Jorge por favor me empresta o dragão”! Celso, na conjuntura do cara, a primeira coisa que pintar na frente dele, ele traça! Não interessa se é mulher, ser rastejante, vai com o dragão mesmo!
- Ana. Dorme. To ficando preocupado com seu juízo.
- “Mais fácil aprender japonês em braile”... Entendeu? Punheteiro! O cara já ta com tanta prática nas mãos... que é capaz de aprender japonês em braile!
- Meu Deus, de onde você tira isso tudo?
- “Do que você decidir se dá ou não!”. Eu dava pro cara só por medo do que ele faria com o pobre do dragão!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Djavan (n+1)

- Celso, sabe no que tava pensando?
- Em gelatina?
- Não, naquela música do Djavan.
- Do deserto amarelo?
- Não, ‘Se’.
- ‘Sí’? Ele ta cantando em espanhol?
- Não, ‘Se’, condicional.
- Que que tem?
- É meio esquisitona, não acha?
- Ihhh, lá vem você.
- Sabe quando te dá um clique na cabeça, e você percebe a mensagem por trás da música?
- ...
- Tipo, ‘Segura o tchan’.
- ‘Segura o tchan’ não tem como ser mais escancarada!
- Se fosse tão escancarada, eu não teria dançado esta música com tanta empolgação no alto dos meus 13 anos.
- Pouts, Ana, antes de me conhecer você era muito miqueira...
- Esquece. Vamos lá, primeiros versos: “Você disse que não sabe se não. Mas também não ter certeza que sim”.
- Ok... e?
- Celso! Acorda! É música sobre um cara que quer tirar a virgindade da menina!
- Onde você viu isto?
- A menina é virgem, só que ta com medo. Aí o namorado dela, safado, fica tentando convencer ela.
- Ana, você pensa demais.
- Celso, segue meu raciocínio. Juro que estou embasada.
- Continua então... quer ver onde vai dar.
- Exatamente, ‘onde vai dar’. “Você sabe que eu só penso em você, você diz que vive pensando em mim”. Só homem pra praticar este tipo de chantagenzinha...
- Ok, faz um pequeno diminuto sentido.
- Aí ela fala: “Pode ser, se é assim”.
- Ah, ta! Djavan fez a música com um dialogozinho no meio?


(continua)