quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Rodadinha

- Celso?

- Fala.

- Você acha que eu engordei?

- De jeito nenhum!

- Celso, desliga do automático e olha pra mim, pelo menos...

- Oi?

- Você acha que eu emagreci, to na mesma, ou engordei?

- Hum... qual é o referencial? (#newton)

- Desde que entrei na academia.

- Que foi...?

- Há um mês.

- Deixa eu ver... dá uma rodadinha...

- ...

- Dá outra rodadinha...

- ...

- Ah, você ta no ponto.

- Ah, Celso! Só porque eu dei duas rodadinhas não quer dizer que eu sou frango de padaria pra você dizer que eu to no ponto!

- Olha... eu traço.

- Bobo... Hoje eu me pesei na balança de precisão lá no laboratório...

- E aí?

- Ah, parece que eu perdi um quilo e meio, mas não vejo diferença. Que que você acha?

- Hummmmm. Acho que você emagreceu sim.

- Sério?

- É, ué.

- Onde?

- Ah... no corpo.. como um todo uniforme.

- Ah, no corpo é? Onde mais eu poderia emagrecer?

- No rosto!

- Sei... estas rodadinhas foram pra você ver como ficam minhas bochechas quando estou de costas?

- Ana, eu convivo com você, te vejo todos os dias, então não consigo perceber as diferenças sutis...

- Quer dizer que, se eu tivesse engordado um pouco, você também não perceberia?

- Oi?

- Se é por causa da convivência, você também não perceberia se eu engordasse né? Se eu tivesse engordado você falaria?

- Falaria.

- Certeza?

- Opa, certeza.

- Mesmo se isto machucasse meus sentimentos, uma vez que eu poderia pensar que você não me desejaria mais...?

- Não é bem assim...

- Você me falaria, considerando a possibilidade de eu ficar propensa a me lançar num transtorno alimentar, e passasse a vomitar pelos cantos?

- Cruz credo!

- Mesmo se eu ficasse insegura em relação a minha aparência, e assim, ficaria depressiva, a ponto de a gente sofrer um hiato sexual?

- Bem, olhando daqui, eu acho que você deu uma boa emagrecida na barriga!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Que história é esta de Enrico?

- Ana, que que cê acha...
- (tampa o bocal do telefone) Peraí, benhê, to no telefone... (ao telefone) Mas Su, pode ir sem medo que o Enrico é maravilhoso.
- ...
- (ao telefone) ‘Magina! Ele vai te deixar super segura, você vai ver!
- Quem é Enrico? Ana... Ana...
- (tampa o bocal do telefone) Shhh, amor! (ao telefone) Su, eu já estive com ele umas quatro, cinco vezes, e todas vezes eu tive certeza de que tava fazendo a coisa certa.
- Coméquié?!
- (ao telefone) Nossa, o dele é enorme! Se fosse pra me meter em qualquer mafuá, eu não ia não. Se bem que por ele, eu iria...
- Ana, desliga esta m*rda que eu já to ficando pluto.
- (ao telefone) Peraí, Su, só um momentinho... (tampa o bocal do telefone) Celso, dá licença! Eu não fico falando no seu ouvido quando você ta no telefone com seus amigos! (ao telefone) Enfim, Su, ele tem um mão maravilhosa.
- Que que é isso?! Que absurdo é este?!
- (ao telefone) A mulherada disputa por ele, né? E você sai de lá nas nuvens. E tem coisa melhor pra uma mulher? Hahahahaha!
- To achando graça nenhuma...
- (ao telefone) Vai por mim, eu conheço o negócio! Hahahahaha! Pode ficar tranqüila, sempre confiei no Enrico pra me ajudar nas minhas loucuras. Hahahahaha!
- Pultaquemeparil...
- (ao telefone) Beijo, amiga, tchau! (desliga) Caramba, Celso, você tem PhD em chatice, hein?
- Que história é esta de Enrico?
- Que que tem o Enrico?
- Que porr@ é essa? Acha que eu não escutei?! ‘Ah, Su, ele tem uma mão maravilhosa’!
- E tem mesmo!
- Ana, Ana, Ana... não me enfurece...
- Amor, ele é o melhor, não tem como negar!
- E você fala assim, na minha cara?!
- Amor, qual o problema?
- Qual o problema?! Que tal você ficar dizendo por aí que o dele é enorme?!
- Amor, mas é o maior que eu já vi!
- Ahhhh, é mesmo?!!!
- Aham...
- ... Quanto?
- Ah, Celso, ta querendo demais né? Eu não vou ficar medindo, né? Não vou ficar que nem uma palhaça no meio do salão, contando os passos pra saber das dimensões do lugar!
- Salão?
- É, agora ele tem um salão. Amor, o salão é enorme, se bobear, é o maior do Rio...
- Como assim? Ele... fica num salão?
- Alo-ôoo, cabeleireiro, salão, tesoura, cabelo. Ou você achou que o Enrico atendia num posto de gasolina?
- Aaaaaaaaah tá...
- Peraí, você queria saber o tamanho do quê?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fofoland.

- Você tem olhos lindos...
- Ah, que isso.
- É sim, verdade. Eles são tão brilhantes.
- Eles ficam assim quando vêem seu sorriso.
- Linda (*smack*)...
- Você que é lindo.
- E você tem um jeitinho tão bonitinho de falar...
- Você acha? Acho minha voz tão aguda...
- Ah, é bonita sim.
- Sua voz é que é uma coisa. Me derreto toda quando você me liga.
- Então vou te ligar mais.
- Pode ligar!
- Você parece uma bonequinha.
- Assim você me deixa sem graça.
- Que bonitinha, ficou com a bochecha vermelha!
- Ai, estas bochechas me denunciam...
- Este perfume que você usa... é muito bom.
- Você é que cheiroso.
- E você é macia...
- Sério? Então to precisando malhar.
- Não, não é isto. Só quis dizer que você é delicadinha...
- Ah, ta... Hehe! Ai, Celso, você fica me elogiando... eu fico sem jeito.
- Que fofa.
- Você acha mesmo que eu to gorda?
- Oi?
- Não sabia que você gostava de mulher gordinha...
- Linda, não to te entendendo...
- Mas assim, é tara isto?
- Ã?
- Você tem fixação em mulher gorda ou foi só comigo?
- Gorda? Onde? Só se for nas bochechas!
- Certeza?
- Aham. E você acha que eu sou assim, só me importo pelo físico?
- Ah, não sei, né... tenho uma amiga que adora homem suado, e tem outra que acha nariz grande uma loucura.
- Mas você não é nariguda, não é suada, você é linda, tem um jeitinho meigo de falar, é toda delicadinha e é muito fofa!
- Muito?
- Aham, muito.
- Ai, meu Deus, eu preciso emagrecer.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Papo quente.

- Amor, se um dia nossa casa pegasse fogo, qual a primeira coisa que você salvaria?

- Hum, meu laptop.

- Como assim? E eu???

- Confio que você é espertinha o suficiente pra sair com seus próprios pezinhos do apartamento.

- Ah, é verdade... Mas assim, e se eu não estivesse em casa?

- Meu laptop, ué.

- Ai, que chamego com este laptop! Que que tem de tão importante nele?

- Nossas fotos...?

- Ouuuuuuum, como você é fofo, amor! Depois disso, o que você salvaria?

- Você não tá planejando botar fogo em alguma coisa, né?

- Não, é só pra saber o seu nível de apego com algumas coisas.

- Já vou avisando que a gente não tem seguro...

- Vai, me fala, depois do laptop...?

- Hummm, meu videogame!

- Sério?

- Sério.

- Coisa nerd!

- Meu celular, então.

- Cruzes...

- Ai, ai... Ana, seja direta. Onde você quer chegar?

- É que to achando que você se importa muito com umas coisas tão... dispensáveis.

- Laptop e celular hoje em dia são indispensáveis!

- Isso tudo que você falou, o dinheiro compra depois. O mais razoável é correr atrás das coisas que têm valor afetivo, né? Por exemplo, muito legal da sua parte pensar nas nossas fotos.

- Bom, seguindo este pensamento... Deixa eu pensar.... Ah, minha camisa do Flamengo!

- Por que que o assunto futebol deixa os homens com um jeito meio de bocó?

- Mas minha camisa do Flamengo tem muito valor afetivo!

- Humpf, esperava que você salvasse, depois das nossas fotos, os presentes que te dei, mas tudo bem, cada um sabe das suas necessidades. Quem sabe, você pudesse salvar algumas coisas minhas, como meu vestido de noiva, a colcha que minha avó fez pra gente, enfim, estas coisas que você sabe que são importantes pra mim.

- Ta, Ana, eu salvo. Assim que eu vir a primeira faísca, eu vou pensar: “o que minha querida esposinha gostaria que eu salvasse, nessa minha atitude heróica que é salvar nossa história?”.

- Jura? Promete?!

- Juro.

- Ai, que fofo! (*smack*)

- Vou pegar vestido, a colcha, o diário de quando você tinha 12 anos...

- O disco do Justin...

- Dispensável! Isso o dinheiro compra! E eu pago pra você não ouvir isto de novo.

- Mas Bryan Adams edição limitada é um tesouro! Este você tem que pegar!

- Tá, que mais? Só não sei se vou ter mão pra carregar tudo isso.

- A bolsa.

- Que bolsa?

- A minha bolsa Prada.

- ...

- Eu sou muito apegada a ela! Na verdade, segundo o cartão de crédito, tenho que ser apegada a ela até julho do ano que vem...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Simpatia e blablabla

- E aí, gostou da festa?
- Aham, mas fiquei vidrada na bolsa Prada daquela mocinha...
- Que mocinha? Aquela baixinha, meio loirinha?
- Aquela loirice se chama luzes, meu bem.
- Ah, isso eu não tenho como saber. É a Ariana, secretária nova.Vi que você ficou batendo papo com o Edu um tempão...
- É Eduardo o nome dele?
- Aham. Simpático, não?
- É, simpático, mas fala muito.
- É? Nunca percebi.
- Nossa! E como fala! Pra você ver, de tanto que ele falava, nem consegui guardar o nome dele! O cara entra no meio do assunto, vai puxando outro assunto e quando a gente vê, já ta há uma hora conversando com a mesma pessoa no meio de uma festa, onde na verdade você deveria estar falando com outras pessoas. Afinal, né, esta é a intenção da festa: agrupar as pessoas, fazer com que elas passam um tempo agradável juntas, possam se conhecer melhor... A Ariana por exemplo. É simpática com moderação: perguntou o que eu fazia. Aí eu comentei que trabalhava num laboratório, e o Edu começou a falar do primo dele que adorava química, fez farmácia, criou um cosmético ótimo, ta ficando rico, comprou uma casa em Búzios... Ta entendendo? O Edu tem esta mania de sempre dar um pitaco no que a outra pessoa tá falando, e vai emendando, emendando, emendando um comentário no outro! Isso cansa! Isso não é legal, é monopolizar o assunto, faz parecer que as outras pessoas não têm algo interessante pra falar! Poxa, às vezes a pessoa fala algo só pra puxar papo com a outra, afinal, não se conhecem bem, mas ele faz questão de falar algo que parece mais relevância que o que a outra pessoa ta falando, como se dominasse todos os assuntos. Às vezes você dá trela só por educação, para ser elegante e ouve o que a outra pessoa tem a dizer... mas tem que ter um semancol! Não pode toda hora falar, e falar, e falar... parece que tá apresentando um programa, em que a platéia só tem que ouvir! É quase um monólogo! E todo mundo sabe que monólogo é chato, né?
-Talvez ele...
- Ah não! Você tinha que ver! Ele é tipo Faustão! Interrompe sem mais nem menos! A gente ficou meio desconcertada quando ele fez isto pela segunda vez, mas depois resolvemos deixar ele falar, quem sabe ele se tocasse que não tava agradando muito com aquele blablabla? Teve uma hora que eu até pensei em fingir que o telefone tava tocando pra poder me afastar da rodinha e não ouvir a voz dele por uns dois minutos! Você não imagina como é chato ficar ouvindo a mesma voz constantemente por mais de cinco minutos!
- Imagino sim.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Jaiminho (2)

- E se for menina, amor?
- Se for menina, eu quero que tenha o nome da minha avó.
- Como ela chamava mesmo?
- Antonieta.
- Jamáaaas.
- Qual o problema, Ana?
- Antonieta? É nome de rainha louca. Deixo não.
- Mas vai ser menino.
- Como você pode ter tanta certeza?
- Eu sinto. Na hora do “bang”, eu senti que era menino.
- Ah, tá, sei... To achando que vai ser uma menininha. Ai que linda! Vou prender o cabelinho dela assim, ela vai andar com uma roupinha toda rosa, de lacinho, de bolsinha...
- Cruzes! Desse jeito, vamos chamá-la de Árvore de Natal, que que ‘cê acha?
- Ué, podia ser Natália.
- Não.
- Por que não?
- Não gosto de Natália.
- Por quê?
- ...
- Anda, Celso.
- Porque eu já namorei uma Natália...
- Não sabia...
- Namoradinha de colégio.
- Bonita?
- Ana, é passado...
- Bonita?
- É.
- É ou era?
- Era.
- Tem certeza?
- Tenho, Ana! E vai ser menino e vai ser Celso Júnior.
- Celso não.
- Por que não?
- Ah, pensa bem. Na maternidade, os bercinhos todos, lado a lado: um Cauê, um Rodrigo, um Rafael, aí vem um Celso?!
- Que que tem? É um nome com personalidade!
- Celso é nome de adulto, né? Celso é nome de bibliotecário, de funcionário de cartório, de secretário de saúde...
- Celso, pô! Nome forte! “Olá, meu nome é Celso”. Poha, macho pra kct. Não tem no feminino, não tem essa de Celsa...
- Sei lá, me remete a gente velha. Fico pensando no Benjamin Button, no nosso baby nascendo já velhinho.
- Celso é fo-da! Você sabe o significado? É latim, quer dizer altivo, alto, elevado!
- Sei lá, Celso não me passa esta idéia, é meio borocoxô.
- Você sabe meu nome, não sabe?