terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ranger

- Alô?
- Oi, amô-ô!
- Que que houve? Quando você me liga cheia de firula é porque quer pedir algo ou porque fez merdinha...
- Cruz credo, Celso Henrique, um bom dia pra você também!
- Fala, Ana.
- Sabe retrovisor?
- Sei.
- Sabe seu carro?
- Sei. Que que houve?!
- Então, seu carro não tem mais retrovisor.
- Como assim?!
- Eu tava tirando o carro da garagem, o féladapulta do 304 estacionou o Ranger dele bem na frente!
- Ana, Ana, Ana...
- Sabe, Celso, o Ranger é muito grande, e o cara nem deixou espaço pra manobra, aí...
- Eu já falei para você tratar meu carro como se fosse seu cabelo, Ana! Pultaqueoparil.
- Deixa eu terminar, senhor esquentadinho?
- Pultaqueoparil, meu carro, Ana! Você sabe o cuidado que tenho com ele! Não posso deixá-lo um dia na sua mão que você tem que destruir alguma coisa! Não é possível!
- Aí, quando saí do prédio, três homens cercaram o carro.
- Ã???
- Eles tinham acabado de assaltar uma loja, roubaram seu precioso carro...
- Meu Deus!
- A polícia soube do assalto, recolheu informações dos assaltantes e descobriu que eles eram uma facção master criminosa. Perseguiram os caras...
- E aí?!
- E aí que eles perderam a direção do carro. Perda total, lindo. Capotaram, voaram corpos para tudo que é lado. Sangue, tripa, globo ocular...
- Ana, você ta bem?
- To ótima, você que não tá: acharam que você tava dentro do carro, porque um dos ladrões ficou deformado, aí você foi dado como morto. Ligaram pra sua mãe...
- Sério?
- Claro que não, Celso Henrique! Isso pra você aprender que um retrovisor não é tudo na vida!
- Carálio, Ana, eu vou... pultaqueoparil, você quase me mata do coração!
- Desculpa, benhê, mas olha: o Ranger é muito grande! Você devia dar um chega-pra-lá no cara do 304. Muito abusado pro meu gosto!

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