quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fora da farmácia

- Corre!
- Corre nada, anda devagarzinho pra disfarçar!
- Então, apressa o passo.
- Ah, pára!
- Realizou seu sonho de adolescente, que é roubar uma loja?
- Ah, Celso, gastei uma baba nesta farmácia hoje, o esmalte é tipo brinde.
- E a delegacia é cortesia, né?
- Medroso!
- Não sei porque você teimou com este esmalte, você tem vários vermelhos lá em casa!
- Mas eu nunca tive um Hot Havana! É importado!
- Hã?
- Eu tenho o Toque de Ira, o Sublime Paixão e este aqui que estou usando é o Moulin Rouge.
- Vermelho.
- Têm sutis diferenças.
- Só se for o prazo de validade! É tudo a mesma coisa. Só vocês mulheres que ficam com estas frescuras.
- Que mal agradecido, Celso! Ai, como homem é absurdo! Nós mulheres ficamos lindas e maravilhosas, com as garras todas lindas pra vocês, e vocês teimam em fazer pouco caso do nosso capricho.
- Ana, unha é um detalhezinho.
- Não é não. Faço questão de mantê-las lindas e vermelhas.
- Vai ficar lindo o vermelho contrastando com o preto dos seus dedos quando você tiver de fichar suas digitais lá na delegacia.
- Ah, nossa operação foi bem realizada. Crime perfeito.
- Minha conta que vai ficar vermelha pra poder pagar um advogado pra me livrar deste crime perfeito...
- Besteira, amor. Já passou!
- Mas vermelho ainda vai ficar meu rosto, quando eu aparecer na capa do Meia Hora. Já to até vendo a manchete: “Ladrão de esmalte mostra as garras e é preso!”.

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